Anos de chumbo

No dia 1º de abril de 1964, Porto Alegre amanhece com os militares no poder, era o início do “Golpe civil-militar”. Ao alegarem que eram necessárias medidas drásticas para restaurar a ordem, as forças armadas dão início a um regime que duraria 21 anos, marcado pela censura e pela repressão a qualquer grupo que contrariasse as práticas do governo.

Jango promete reação
(Última Hora 01/04/1964)

Fotografia da capa do Jornal Última Hora, do dia 1 de abril de 1964. Na parte superior, lê-se a manchete “Jango Chegou”. Abaixo desta, faixa em azul, e logo abaixo, à esquerda, caixa de texto com a inscrição “golpistas calaram rede nacional. Só UH gaúcha circula”, com texto logo abaixo. À direita desta caixa, Manchete com os dizeres “Reagirei contra o golpe”. Abaixo desta, à direita da capa, uma fotografia em preto e branco mostra dois militares de perfil em primeiro plano, com um homem de terno em tons escuros ao lado destes. Ao lado desta imagem, à esquerda da capa, logotipo em azul do Jornal Última Hora. Abaixo do mesmo, a inscrição “3 ministros e 2 generais acompanham o presidente”. Por fim, na parte inferior da capa, em uma caixa de texto com molduras em azul, a inscrição “Mazzilli colocado na presidência”. [Fim da descrição]
Acervo: Museu da Comunicação José Hipólito da Costa
No mesmo dia, em Porto Alegre, Leonel Brizola discursou em frente à prefeitura, contando com a transmissão da Rádio Nacional da Legalidade, propondo que a população resistisse ao Golpe.

Consequências
(Última Hora 02/04/1964)

Imagem em preto e branco da capa do Jornal Ultima Hora de 02 de abril de 1964. Na parte superior da página a inscrição “Jango no Rio Grande e Mazzilli empossado”. Logo abaixo a inscrição “Ultima Hora Depredada e Incendiada”. Logo abaixo destaque para três fotos que mostram a sede do jornal destruída após o ataque. Na parte inferior da página, destaque para a inscrição “Toda frota da reportagem destruída a bala e a fogo”. [Fim da descrição]
Acervo: Museu da Comunicação José Hipólito da Costa
Com o movimento artístico chamado Cinema Novo, iniciado em meados de 1950, vários jovens cineastas apresentavam a identidade e a realidade brasileira através do cinema, entendendo-o como instrumento de conscientização e ação política.

 

CARTAZES CINEMA NOVO

Na capital do Rio Grande do Sul, após ficar em cartaz no Cinema Rex do dia 16 a 27 de maio de 1967, o filme Terra em Transe de Glauber Rocha não foi bem recebido pela crítica. O crítico de cinema L.C. Menten analisou o filme em sua coluna no periódico Diário de Notícias. Conforme o seu ponto de vista:

Terra em Transe escorraçado pela crítica

Imagem em preto e branco de um recorte do Jornal Diário de Noticias. Ao lado esquerdo há uma imagem capturada de um trecho do filme. Ao lado direito a inscrição “Glauber em transe, na terra do sol”. Abaixo há um texto em que são feitas duras criticas a obra de Glauber Rocha. [Fim da descrição]
Acervo: Museu da Comunicação José Hipólito da Costa
Proibições de exibição não aconteciam e a política de cortes se concentrava em palavrões, em cenas explícitas e figurinos ousados, sendo defensora da moral e dos bons costumes. Os negativos não eram submetidos à censura, em um primeiro momento, garantindo, assim, a preservação dos conteúdos na íntegra.

A partir de 1967, a censura é reorganizada, tornando o cinema caso de polícia.

Terra em Transe, após curto período de exibição em Porto Alegre, sofre com o endurecimento da censura no mês seguinte, sendo avaliado pelo censor Manoel Felipe de Souza Leão Neto, um dos censores do SCDP, que analisou a película quando de sua submissão ao Serviço de Censura, em 67:

Trecho do documento de censura do filme Terra em Transe, 1967

Imagem em preto e branco que contém partes do documento de censura do filme Terra em Transe. Ao centro, em fundo branco e letras pretas, destaca-se o texto em parágrafo único. Em suas extremidades há uma moldura que contorna toda a imagem e é formada por recortes de jornais. [Fim da descrição]
Fonte: Projeto Memoriacinebr

RELATÓRIO DE CENSURA TERRA EM TRANSE

Fonte: Memoriacinebr – Conheça e apoie o projeto em https://bit.ly/3ve5Yk3

De 1967 a dezembro de 1968 ocorreu uma gradual militarização da Censura. A partir desse momento, junto aos julgamentos moralistas em documentos de censura existem também as restrições políticas.

A ditadura é “a verdadeira democracia”, qualquer discordância simboliza “atentado à segurança nacional”

Coturno militar

Fotografia retangular horizontal. Ao centro da imagem há um par de botas de couro de cor preta. A bota tem cano médio e cadarços que acompanham quase toda a extensão do cano da bota. O fundo da imagem é em outro tom de preto, o que confere destaque a bota em primeiro plano. [Fim da descrição]
Acervo Pessoal: Maria José Alves

A proibição de filmes se instala.

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