Comentários/Dados Históricos (Descrição Extrínseca)
O último Núcleo da Exposição, intitulado inicialmente como "Ins, Ex, Trans: PIRA?", apresentava a proposta da transição do "Eu coletivo" para o "Eu indivíduo" e o seu processo de interiorização próprio para a expansão dos sentidos e da mente. Na fase de pré-montagem o título do Núcleo 4 foi alterado para "Um olhar para si", que pareceu mais condizente com seus objetivos e com os títulos dos demais Núcleos. Inicialmente o Núcleo 4 tinha como objetivo problematizar a interiorização do ser e transmitir ao visitante um sentimento de empatia e compreensão assim, transcendendo o individualismo que a cada dia nos aprisiona. Desde seu planejamento buscava-se que o Núcleo 4 promovesse um caminho para o rompimento de paradigmas e preconceitos que restringem os artistas e suas criações, reduzindo-as a seus diagnósticos. O Núcleo trouxe produções artísticas de Romeu de Figueiró Borba, que participa ativamente da Oficina de Criatividade Nise da Silveira do Hospital Psiquiátrico São Pedro, criada em 1990 com o intuito de estimular os participantes através da arte e fortalecer seus vínculos sociais. O contato foi feito pela aluna Anelise Spinato Torresini e a escolha do artista e suas obras pela coordenadora da Oficina de Criatividade, Bárbara Neubarth. As obras foram dispostas em frente ao espelho, objeto gerador desse Núcleo, que reaparece neste momento junto à frase de Carl Gustav Jung, a ideia era convidar o visitante a sentir-se imerso, tendo ao fundo as obras de Romeu, exercitante um olhar para si e ponderando sua experiência durante o percurso expositivo e confrontando-se com a perspectiva de vários "eus" e sua própria imagem.
Carl Gustav Jung nascido na Turgóvia, Suíça em 26 de julho de 1875 e vindo a falecer em Küsnacht, Zurique, na Suíça, no dia 06 de junho de 1961. Foi um psiquiatra e psicoterapeuta que fundou a psicologia analítica. Jung propôs e desenvolveu os conceitos de personalidade extrovertida e introvertida, arquétipo e inconsciente coletivo. Seu trabalho tem sido influente na psiquiatria, psicologia, ciência da religião, literatura e áreas afins. O conceito central da psicologia analítica é a individuação - o processo psicológico de integração dos opostos, incluindo o consciente e o inconsciente, mantendo, no entanto, a sua autonomia relativa. Jung considerou a individuação como o processo central do desenvolvimento humano. Ele criou alguns dos mais conhecidos conceitos psicológicos, incluindo o arquétipo, o inconsciente coletivo, o complexo, e a sincronicidade. A classificação tipológica de Myers Briggs (MBTI), um instrumento popular psicométrico, foi desenvolvido a partir de suas teorias. Via a psique humana como "de natureza simbólica", e fez deste simbolismo, o foco de suas explorações. Ele é um dos maiores estudiosos contemporâneos de análise de sonhos e simbolização. Embora exercesse sua profissão como médico e se considerasse um cientista, muito do trabalho de sua vida foi passado a explorar áreas tangenciais à ciência, incluindo a filosofia oriental e ocidental, alquimia, astrologia e sociologia, bem como a literatura e as artes. Seu interesse pela filosofia e ocultismo levaram muitos a vê-lo como um místico.
Tanto para Jung, quanto para outros estudiosos, filósofos, pesquisadores da mente, como Carl Sagan, Osho e Platão, é através dessa busca pelo silenciamento da mente e percepção do nosso "eu verdadeiro" que conseguimos transcender, acessar quem somos realmente e expandir nossa consciência. Para eles essa expansão é possível através de um processo de interiorização, onde conseguimos descobrir essa capacidade. Somente com o autoconhecimento é que podemos desvendar nossas potencialidades, fraquezas, medos, angústias e virtudes, e temos possibilidades infinitas de explorar e ampliar nossos sentidos.